terça-feira, 4 de agosto de 2009

Muaná - terra do açaí

Há algum tempo meu sogro me convidava para conhecer Muaná. Ele adora aquele lugar, mas confesso que as 6 horas de viagem em um barco não me estimulavam muito a ir. Até que resolvi aceitar o convite. Fiquei mais animado quando soube que poderia levar a moto, apesar de minha cunhada dizer que "não tem nada para fazer lá".

Muaná fica localizada na Ilha do Marajó. A origem do Município de Muaná encontra-se numa fazenda particular que, pelo seu desenvolvimento, transformou-se em povoado e, posteriormente foi elevado à categoria de freguesia, em 1757. Muaná era a tribo da região, remanescente da nação nheengaíba, que dominou o Marajó antes da chegada dos colonizadores. Também foi a primeiro município do então Grão-Pará a aderir à independência do Brasil, em 28 de maio de 1823. O Município é formado por vários distritos e vilas como: Distrito de São Miguel do Pracuuba, Ponta Negra, Palheta e Jararaca.


Para chegar somente por barco, ou de avião. Existem diversas embarcações que saem de portos em Belém. A viagem normalmente dura de 6 a 7 horas, ao custo de R$ 20,00 por pessoa. Para viajar em camarote é necessário desembolsar R$ 70,00 para até duas pessoas. Existem saídas diárias, pela manhã e à noite.
A cidade tem cerca de 3o mil habitantes (IBGE, 2008). Sua população vive da exploração de palmito, açaí, madeira e pescados. Cercada por uma mata densa e exuberante, não existe estrada para unir a cidade a qualquer outra. Fica simplesmente encrustada na mata e para deslocamento para outras localidades o transporte é o barco.
A única manifestação religiosa do município de Muaná é a festa em homenagem ao padroeiro, São Francisco de Paula, celebrado no último domingo de julho. As comemorações consistem em procissão, novenário e arraial em torno da Igreja Matriz. A cidade é bem pacata, de povo ordeiro, trabalhador, caboclo. São muito calorosos na recepção a pessoas de fora, e facilmente reconhecem quem não é dali, pelo simples fato de "todo mundo se conhecer", por isso um visitante tem dificuldades em passar despercebido.
Era uma sexta-feira à noite, mais especificamente 19h, quando saímos do Porto São Benedito que fica na Estrada Nova, na altura da Pariquis. Para entrar no porto existe uma passagem estreita, por onde mercadorias e passageiros disputam espaço a caminho de seus destinos.
Tive muito receio em embarcar a moto em uma balsa atracada em um porto, sem as condições ideais para transporte. Mas depois percebi que ao contrário do que eu pensava, eles estão acostumados a transportar todo tipo de coisa. Isso ficou claro com a presença de um Palio dentro da balsa/barco, e pela forma como os trabalhadores da embarcação colocaram a moto facilmente, e sem nenhum arranhão, para dentro da balsa.
No barco ficamos confortavelmente instalados em redes. Pensei que, pelo fato de ser noite, sentiria frio, afinal entraríamos rio adentro e a mata normalmente é úmida e fria. Mas me enganei. Fez um calor danado, e o vento parece que tinha brigado com a terra e por isso negava a ela seus abraços refrescantes.
Chegamos em Muaná por volta de 1h, em uma viagem muito tranquila, na qual passamos pelo Porto de Barcarena, que é caminho.
A praça é central é o coração da cidade, e junto praça fica o porto. Em volta da praça existe a prefeitura, o colégio, um mercado, e diversos comércios. Fora desta zona encontramos diversas ruas de pontes de madeiras, elevadas por sobre mangues e córregos. Uma coisa que me chamou atenção foi a pavimentação do centro da cidade, feita de tijolos de barro. Muito parececidos com as ruas de paralepípedos, mas até mais charmosas e confortáveis de andar e dirigir, pois são mais alinhadas e planas.
No dia seguinte à nossa chegada dirigi uns 5 km para conhecer uma beira de rio muito frequentada para banho chamada Mocajatuba. Lá existe um trapiche de onde as pessoas pulam felizes para aliviar o calor.
Também fiz uma pequena trilha com a moto, para outra localidade chamada Rodagem. É onde fica outra beira de rio para banho. Para chegar andamos por uma estrada de terra, na qual em alguns trechos a mata se fecha por sobre sua cabeça. Passei também por poças de lama, sem grandes problemas porque estava com uma moto trail.
Fora isso aproveitei para tomar muito açaí com camarão, pois adoro. Almocei e jantei açaí (o açaí é a base da alimentação local). O camarão salgado também estava delicioso. No outro dia, domingo, embarcamos a moto e voltamos para Belém. Dormi boa parte da viagem, aproveitando a convidativa rede. Ao chegar, logo me deu saudade daquela quente terra, de pessoas simples e amigas.

Um comentário:

Paulo André disse...

Ficaram muito bonitas as fotos desta viagem!!