quarta-feira, 3 de junho de 2009

Fotocrônica de um tombo




(sem comentários)

Motocross em São Miguel do Guamá

Este passeio com o motoclube teve um gostinho de adrenalina. Fomos convidados para a inauguração da pista de MotoCross de São Miguel do Guamá. Este município fica distante 150 km de Belém. Para chegar seguimos pela BR 316 e no posto da Polícia Federal, na altura do km 113, existe um trevo. Dobre à direita no sentido de Santa Maria do Pará (BR 010) e siga em frente até chegar a São Miguel. A estrada está ótima.

São Miguel tem uma população estimada em 60.000 habitantes. Suas principais comunidades são Urucuriteua, Apuí e Acarí.
Uma de suas manifestações religiosas é a festividade de São Miguel Arcanjo (setembro) e o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no último domingo de novembro. Em fevereiro também tem a apresentação do bloco carnavalesco Cordão do Guará e em junho as principais festas dançantes são realizadas nos tradicionais "terreiros" nos quais são feitas exibições de grupos de pássaros e bois-bumbás.
Destaca-se o artesanato local, caracterizado pela produção de cerâmica, abanos, peneiras e tipitis, e é o maior polo de cerâmica do Pará.

Para este passeio o motoclube teve um convite muito especial do prefeito da cidade. A programação incluía assistir à inauguração da pista de motocross e depois um almoço em sua casa. Muita bagagem...


Fazia muito tempo que eu não ia a São Miguel. Esta cidade tem um lugar especial na minha lembrança devido a uma história engraçada que vou compartilhar com vocês. Então vamos lá. O ano era 1989 e eu estava desempregado. Na época minha profissão era de vendedor e tinha saído de uma empresa recentemente e, lógico, estava desesperado por uma boa oportunidade. Foi quando surgiu um emprego bem remunerado de vendedor de caminhões em uma concessionária local. Quando fui para a entrevista, numa sexta-feira pela manhã, o gerente logo me perguntou se eu tinha carteira de motorista. Preocupado com aquela pergunta, disse que não. Ele logo disse que não poderia concorrer à vaga porque era necessário habilitação e os vendedores tinham que viajar para diversos interiores do Estado. Diante desta negativa é claro que fiquei triste, e ao mesmo tempo furioso por não ter a carteira. Sem alternativa, assim que saí da entrevista dirigi-me ao Detran para saber como tirar a maldita carteira.

Ao chegar no Detran fui atendido por uma senhora muito gentil e perguntei a ela qual era o procedimento para tirar habilitação. Ela disse que demoraria cerca de três meses para o processo todo. “Tudo isso?”, exclamei. Foi quando eu falei da minha situação e que estava precisando tirar a carteira para conseguir um emprego melhor. Ela, muito empática, disseque tinha uma outra alternativa. O Detran tinha um programa para facilitar a vida do pessoal do interior para tirar carteira, e esse programa consistia em fazer uma caravana de funcionários em um ônibus todo equipado para fazer o processo todo de uma só vez, sem burocracia. E ela disse mais: por sorte no outro dia havia uma caravana que sairia a caminho de São Miguel do Guamá, e desta forma eu poderia fazer de conta que morava na cidade e tirar a carteira. Feliz eu fiquei e imediatamente segui para o terminal rodoviário e comprei uma passagem para o ônibus de 5:00h da manhã do dia seguinte (sábado). No próprio terminal rodoviário comprei um código de trânsito na banca de revista e passei o resto do dia estudando legislação. A tarde e a noite daquele dia foi o único tempo que tive para me preparar para as provas do Detran. No outro dia, exatamente às 7:00h da manhã, eu descia do ônibus em São Miguel. Realmente, estava toda uma equipe do Detran para tirar a carteira do povo das redondezas, e nesse horário já havia uma fila enorme.

Mas ainda havia um pequeno problema. Eu não tinha o carro para fazer o teste de direção. A alternativa foi pedir emprestado para um rapaz que conheci na fila. Lembro que ele era filho do dono de uma panificadora e que usaria o carro de seu pai, um Ford Del Rei. Bom, fiz todos os exames, passei em todos eles, fiz o teste no Del Rei emprestado, e, por fim, exatamente às 18:00h do mesmo dia estava voltando para Belém com minha carteira de habilitação na mão.
Na segunda-feira seguinte corri para a empresa e fui falar com o tal gerente. Disse a ele que já havia conseguido a carteira. Ele ficou impressionado, e ao mesmo tempo pasmo. Não consegui a vaga, acho que ele pensou que eu tinha comprado a carteira, mas pelo menos tinha resolvido este problema e no final daquele mesmo ano consegui um emprego na Souza Cruz, no qual eu precisava de carteira de habilitação. Final feliz.

É por isso que São Miguel tem um lugar especial na minha vida, por esta passagem e engraçada. Foi assim que conheci essa cidade pela primeira vez. E quando voltei não lembrava quase nada da cidade. Eu tinha muita vontade de encontrar de novo aquele rapaz e agradecer novamente pelo “galho” que ele quebrou naquele momento, porém nem sei o seu nome.
Mas voltando ao passeio, a pista de MotoCross ficou realmente muito boa. Fico feliz pela iniciativa. Precisamos realmente de eventos dessa natureza no Estado.
Fomos tratados carinhosamente pelos organizadores do evento, que fizeram questão de nos cumprimentar por meio dos altofalantes. O pessoal também aproveitou para tomar um delicioso banho de rio, acompanhado de uma cervejinha e camarão salgado (que aliás, eu adoro).
Acho corrida de MotoCross “o bicho”. Eu adoro essa adrenalina, aqueles pulos da moto no ar. Lembro que corria de bicicross quando era garoto. De moto deve ser muito melhor.

Infelizmente meu dinheirinho ainda não dá para colocar uma moto nesse circuito, mas quem sabe um dia...
Houve corrida de diversas modalidades, tinha até mulher correndo e um garoto de uns 8 anos numa moto que parecia de brinquedo.
Depois do evento o almoço aconteceu, mas não almocei com o pessoal. Fiquei no local para bater umas fotos excelentes das corridas. Voltei para Belém sozinho, não queria demorar, e ainda peguei chuva no caminho. Viagem cansativa quando se está sozinho, principalmente por causa do banco da moto que é muito duro. Mas valeu muito a pena. A adrenalina da corrida, a companhia dos amigos, as boas lembranças da cidade, a estrada e o vento no peito. Até a próxima.